Entre os vários inimigos que o Evangelho possui, gostaria de destacar um em importante, na qual não atenta contra a igreja somente de forma externa por não cristãos, mas sim por parte interna ou seja, aqueles que se dizem cristãos e estão longe do verdadeiro evangelho. Suas ações externas são desconexas com suas ações internar. O nome disso é: legalismo.
Você sabe o que é? É a tentativa de acrescentar algo à obra completa de Cristo. Todo o sistema, regras, expectativas ou regulamentos que condiciona a salvação ao esforço humano de agradar a Deus, como uma recompensa por desempenho. O legalismo é o meio humano de tentar através da obediência de regras de homens, ser aceito e amado por Deus, anulando a Graça misericordiosa.
A maneira como Jesus utilizava as parábolas nos surpreende pelo seguinte aspecto; elas vão ilustrar e esclarecer a verdade para aqueles que têm ouvidos, mas tem efeito contrário para aqueles que se opõem e rejeitam Cristo. O simbolismo esconde a verdade de qualquer um que não tenha a disciplina ou o desejo de procurar pelo significado pretendido por Jesus. É por isso que Cristo adota esse estilo de instrução.
No texto de Lucas 18.9-14, através desta parábola apresentada por Jesus, Ele apresenta dois feitios; um que se diz “amigo do “e”vangelho”, o fariseu, e outro que era visto como “inimigo do “E”vangelho”, o publicano.
Para uma possível ilustração, gostaria que imaginasse a imagem de uma estátua e uma espoja; de forma que se a graça de Deus desce como uma chuva, podemos fazer duas escolhas, ou ser uma estátua ou uma espoja. A estátua com sua imagem representativa imponente, mas sempre repelindo a chuva, e uma espoja sem qualquer imponência ou com grande representatividade, mas sempre limpando e absolvendo a chuva.
Esta estátua, o fariseu, em seu legalismo apresentava algumas características
a) Em sua oração, não deixava de apresentar o “outo-elogio”, um tributo a si mesmo;
b) Uma longa lista de realizações pessoais;
c) Uma autoconsciência que representava propriamente um sinal seguro de si mesmo, mas sem profundidade da graça;
d) Uma imensa alegria por não pecar em um caminho, enquanto ele estava pecando em outro de forma muito pior;
e) Uma grade convicção intelectual em suas orações, mas sem nenhum contato com Deus.
No final das contas, acho que ele não apenas orou para si mesmo, mas também deu o dízimo para sua própria conta de poupança e jejuou para sua própria saúde!
Ele podia fazer todas as coisas certas, mas sem sucesso com o coração errado.
a) O orgulho é tão sutil que, se não tomarmos cuidado, ficaremos orgulhosos de nossa humildade;
b) Quando isso acontece, nossa bondade se torna maldade, nossas virtudes se tornam vícios.
A oração do fariseu mostrou que ele era egocêntrico; mostrou que ele era vaidoso; mostrou que sua moralidade era baseada em negativas; mostrou que sua adoração era baseada em coisas externas.
Mas se voltarmos para a oração do publicano, a oração de espoja, encontramos a humilhação de um coração quebrantado e não legalista. Sua oração mostrou:
a) Que ele era humilde perante Deus e os homens;
b) Mostrou que estava mais ciente de seus próprios pecados do que dos outros;
c) Mostrou que não estava preocupado em obter riqueza material;
d) Mostrou que ele estava consciente de sua posição diante de Deus;
e) Sua oração – era como a de Davi em Salmos 51: 1“Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade;
De acordo com a multidão de Suas ternas misericórdias, Apague minhas transgressões. ”
Que choque para seus ouvintes ao ouvir que o pecador foi embora justificado, e não o homem santo!
Através da atitude do publicano, precisamos aprender e combater algumas práticas legalistas tais como:
Legalismo doutrinário: proibir o que Deus não proíbe e ordenar o que ele não ordenou.
a) Acreditar que você é justo em si mesmo, com base em seu zelo e compromisso com a lei de Deus. Paulo combate isso em (Rm 10.3-4) – “Porquanto, ignorando a justiça que vem de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se submeteram à justiça de Deus. Porque o fim da Lei é Cristo, para a justificação de todo o que crê.“);
b) Paulo, alertou e exortou a igreja de Gálatas – (Gl 3.1-4) – uma das principais exortações da carta está linkada com a natureza do evangelho e a suficiência plena de Cristo para a salvação pela fé – eles queriam acrescentar algo à obra completa de Cristo;
c) Impor aos outros um padrão de santidade externa na qual Deus não estabeleceu em sua Palavra.
Legalismo pratico: estar intelectualmente comprometidos com as doutrinas da graça e ter um “discurso vazio” quanto à liberdade que Cristo comprou para os crentes, ao mesmo tempo em que negamos isso por meio de nossas palavras e ações.
a) Começam a desprezar os outros e julgar aqueles que não experimentaram o que ele experimenta.
Devemos aprender que a cura para o legalismo precisa passar pelos seguintes aspectos:
A doutrina da justificação pela graça e misericórdia de Deus.
Compreender que:
a) Grandes pensamentos de si e grande graça nunca andam juntos;
b) Coisas leves, como palhas e penas, são carregadas no alto; bens valiosos mantêm seus lugares e permanecem embaixo, não porque estão acorrentados ou presos lá, mas em virtude de seu próprio peso;
c) Precisamos apreender que assim como um pássaro deve primeiro se abaixar para voar, a alma deve se humilhar antes de encontrar Deus.
Enfim podemos gritar o grito de um coração libertado do legalismo:
“Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão”. (Gl 2. 20–21).
Pr. Felipe Abreu