No evangelho de João 15.1, encontramos no início do texto o termo: “Eu Sou”; feita por Cristo. Porém, Jesus não se ateve a essa imagem, prosseguindo com a figura do “amigo”. Esses dois retratos dos cristãos – como ramos e amigos – revelam tanto nossos privilégios quanto nossas responsabilidades. Como ramos, temos o privilégio de compartilhar a vida de Jesus e a responsabilidade de permanecer nele. Como amigos, temos o privilégio de conhecer sua vontade e a responsabilidade de obedecer.
Há três tipos de videira nas Escrituras. A videira do passado refere-se a Israel como nação (ver SI 80:8, 19; Is 5:1-7; Jr 2:21; Ez 19:10-14 e O s 10:1). Também há uma videira do futuro, a “videira da terra”, em Apocalipse 14:14-20. Refere-se ao sistema do mundo gentio, amadurecendo para o julgamento de Deus. Os cristãos são ramos da “videira do céu”, mas os incrédulos são ramos da “videira da terra”. Os não salvos dependem do mundo para receber sustento e encontrar satisfação, enquanto os cristãos dependem de Jesus Cristo.
A “videira da terra” será cortada e destruída quando Jesus Cristo voltar. A videira do presente é nosso Senhor Jesus Cristo, e inclui, obviamente, seus ramos. Ele é a “Videira Verdadeira”, ou seja, “a original, da qual todas as outras videiras são cópias”. Como cristãos, não vivemos de substitutos! O simbolismo da videira e dos ramos é semelhante àquele da Cabeça e do corpo; temos um relacionamento vivo com Cristo e pertencemos a ele.
Essa parábola apresenta de forma metafórica os pressupostos de uma vida frutífera para o reino de Deus, que é a unidade na diversidade – um só tronco e vários ramos: a poda que faz a arvore diminuir de tamanho e pode ser dolorosa, é extremamente necessária para o fruto eficaz; a permanência – os ramos precisam ficar em total dependência do tronco para dar fruto, não podendo produzi-lo independentemente; e a petição. Como ramos que permanecem na videira, devemos pedir a seiva, o elemento vital de que precisamos para cumprir nosso proposito como igreja.
Se pudéssemos ouvir um ramo falar, ele nos diria: “A cada momento eu preciso da seiva ou morrerei”. Permanecendo, pedimos apropriadamente e recebemos, porque o Espírito Santo nos ajuda a pedir em harmonia com a vontade de Deus. Tal é a verdadeira postura cristã, capaz de lidar com as tensões entre o todo e parte: o ser podado e o seu crescimento, a obediência e a autonomia na petição, sem que haja conflitos ou extremismos excludentes.
Que essa nova série de exposições bíblicas possa lhe fazer refletir o mais profundo com relação a videira e os seus ramos; como igreja venhamos beber do mais fundo dessa seiva a ponto de produzir na vida de cada cristão quatro estágios para o crescimento:
- Evangelização – pessoas entrando em contato com a palavra da verdade pela primeira vez através do evangelho – que essa semente venha criar raízes, e no tempo de Deus e por obra do Espírito, produza frutos.
- Acompanhamento – é necessário para firmá-la na fé e ensinar-lhe as coisas básicas. Pode demorar, mas, ainda que seja demorado, é vital que alguém se achegue ao novo convertido para ensinar, cuidar e orar por ele.
- Crescimento – não é uma tarefa fácil. É um caminho estreito e árduo, como o de Cristão, em O Peregrino, com muito montes, vales, inimigos e desvio ao longo do percurso. Quando a verdade da Bíblia e ministrada, ouvida e aplicada piedosamente e quando o Espírito age, o crescimento acontece.
- Treinamento – nesse estágio em que o crescimento em convicção (crenças), caráter (piedade) e competências (habilidades/capacidade) as leva a ministrar eficientemente aos outros é o estágio da vida cristã em que as pessoas são equipadas, mobilizadas, adquirem recursos e são encorajadas.
Pr. Felipe Abreu